quarta-feira, 9 de maio de 2007

O silêncio ruidoso das noites

Há noites aqui em casa em que o silêncio faz um ruído ensurdecedor. São aquelas noites em que, dadas todas as voltas à casa e semi arrumados todos os obstáculos que ficaram pelo caminho, me preparo para mergulhar profundamente no "vale dos lençóis". Às vezes até arrisco ler um bocadinho até à chegada do João Pestana.
Grande erro...e ontem foi uma dessas noites. A L. ameaçou logo ao deitar quando correu para o pai lavada em lágrimas com medo dos pesadelos que poderia vir a ter quando fechasse os olhos e os monstros que a poderiam ir visitar (tantas suposições para aquela hora da noite...!). Pois eu já não estava num daqueles dias em que me armo de lança e espada e ameaço acabar com a vida do monstro que se atrevesse esconder no quarto da minha menina, depois de vasculhar todos os cantos e recantos. Não, eu ontem rematei com um sarcástico: "Não há monstros nenhuns no teu quarto L., vai dormir e DEPRESSA". Claro está que o castigo não tardou e quando eu me preparava para o dito mergulho no sono, começa o choramingar silencioso no quarto ao lado. Lembro-me que saltei da cama aí umas 3 vezes para tentar acalmar a L., com remorsos de não ter exterminado com os monstros que ameaçavam atacar. A L. conseguiu acalmar depois do xixi da praxe e eu pude finalmente deitar-me. Mas aí o sono já tardou a chegar, todos os ruídos, tosses e espirros eram potenciais sinais de evacuação, a que a mãe tem que responder de imediato....Porque é que eles não se habituam a chamar pelo pai....
Até que o J., já a noite ia alta, pergunta "posso ir para aí?". O "aí" era mesmo a minha cama e sendo que o pai dá dois de mim e o J. já está quase do meu tamanho, está-se mesmo a ver como eu fiquei feliz com aquele pedido. E porque eu também sou uma mimalha, resmunguei qualquer coisa e lá me afastei para o limite de segurança da minha cama para o deixar dormir connosco. Escuso dizer que nenhum dos ruídos, tosses e espirros do resto da noite me escapou...

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