quinta-feira, 17 de maio de 2007

(des)igualdades

Andamos nós, mães e pais do século XXI a tentar educar crianças com personalidade própria, com convicções, determinadas, exigentes perante o que o mundo lhe oferece e, sobretudo, originais, e elas, teimosamente, querem manter-se estereotipadas, clonadas, fotocopiadas umas das outras...
Se o amigo não sei quantos tem uma nintendo assim assim, eu também quero, porque tenho a mesma idade que ele e sei jogar perfeitamente; se depois o mesmo amigo compra um outro aparelhómetro XPTO, eu também quero, porquê?...porque sim.
E ainda dizem que as crianças, pobres vítimas, ouvem um número astronómico de "nãos" até aos 3 anos. Pudera, se não querem ouvir não, então não peçam tantas vezes a mesma coisa....
Se isto é assim entre amigos, imagine-se entre irmãos.
Há uns dias atrás uma amiga mostrou-me umas caixas muito bonitas pintadas à mão por uma familiar sua. Eu, como também sou artesã e dou imenso valor a este tipo trabalho, que traz consigo "sangue, suor e lágrimas" (exagerei???), resolvi comprar um dos exemplares que, por ser cor de rosa e com motivos femininos, destinei à L.. Como já sei do que a casa gasta, encomendei uma outra caixa com motivos de rapaz, para evitar mais um desaguisado nas cortes da minha pequena realeza. Chegada a encomenda, o J. adorou, até porque estava cheio de piratas e até tinha o desenho de um tubarão lá dentro. Guardou-a religiosamente no seu quarto e não deixou ninguém sequer cheirá-la.
Pensando eu que o mais pequeno não apreciava este tipo de objectos, inicialmente não comprei nenhuma para ele. Claro está que a reclamação não tardou e tive que comprar uma outra, que para mal dos meus pecados não era igual à do J., mas igualmente bonita. O G. ficou em delírio, porque a caixa tem a figura dum (c)astelo (o pobre ainda não diz os "c"), com um tesouro no interior. Até sacou ao pobre do avô umas moedinhas para lá guardar.
Resultado, agora são os outros dois que, não desfazendo a caixa que a mãe lhes comprou, o que eles gostavam mesmo era de uma caixa igual à do G., que é um espectáculo e até tem um tesouro. Às tantas até querem com as mossas que aquela já tem depois de dar uns tombinhos pelo chão.....
RRRRR....faço eu para fora....rrrrr......faço eu para dentro e explico que é bom ser diferente, que é bom ter coisas diferentes uns dos outros, porque ficamos mais ricos na diversidade (eu expliquei-lhes um bocadinho melhor) do que no igualitarismo (esta palavra também não usei, claro). "Então não é mais fixe termos 3 coisas diferentes em casa do que 3 exactamente iguais?", remato.
Resposta:.....................(silêncio)........................
Há alguém que os entenda?????

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